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TEMPO X TECNOLOGIA

Published at 22:16 in


Sobre o autor:

Edgar Lopes da Silva é Professor de Língua Portuguesa na E.E. Monsenhor Henrique Nicopelli - Escola de Tempo Integral -  em Santa Bábara d'Oeste - SP, atuando em classes regulares e na Oficina Curricular 'Hora da Leitura'. Participou de vários projetos realizados na U.E., como: mostras culturais e saraus literários, unindo duas de suas paixões: a literatura e o teatro, diversificando gêneros e temáticas, contando sempre com o envolvimento e interesse dos alunos. 


Que bobagem! O tempo! Ah! O tempo, insignificante... Quem dá importância ao tempo?
É interessante como não esquecemos nossas emoções, ações. Aquelas que ficaram presas em nosso DISCO RÍGIDO e não queremos conectá-las para não revivê-las. Para não nos encher de emoções e fantasias, confrontar com essa realidade muitas vezes fria com o virtual. 
Esse tempo retorna com a velocidade de gigabites, e nos faz recordar tudo, tudo mesmo. E tudo vem à tona, rasgando no interior de nossas entranhas esse sentimento que o tempo não conseguiu deletar.
Percebi que passaram pessoas, amigos, colegas, endereços, amores, E-mails. Ficamos mais velhos, mais caretas, obsoletos. Algumas coisas se desconectam. Pelos brancos aparecem no corpo. E o tempo onde está?
O que eu não esperava é que viria, depois de tanto tempo, acrescentar não só uma vírgula, mas um monte de sentimentos e emoções neste tempo que, para mim, já estava perdido entre os fios na minha memória RAM, trancado no meu íntimo. 
Bastou um belo par de olhos passar por mim, como se uma Web Cam estivesse a me espionar e, por mais que desviasse o meu olhar, este me consumia como dois raios brilhantes a tocar meu coração. Não compreendi, mas senti aquele olhar fazer cócegas em meu ego. Estava feliz e não reconheci que aquela pessoa havia feito parte do meu passado de um “tempo”... E que tempo!
Não foi uma ou duas passadas e flertadas, foram vários SPAMs, até que a pessoa se aproximou dizendo que já me conhecia. De surpresa, recordei! Busquei no meu disco rígido os recados gravados há tempos, os torpedos, os pequenos trechos de músicas apaixonadas, enviadas por POWERPOINT, frases de célebres autores e poetas, ligações noturnas que me fizeram dormir. De tão bom, salvei tudo. Jamais pensei em abri-las novamente. No momento, não resisti, não medi consequências. Deixei-me ser violado, como que por um vírus, um haker que ataca sem precedentes. O desejo estava ali novamente, daquele que um dia me fez feliz.
O tempo presente, o agora, nos faz desabrochar um desejo novo, como um novo programa. Ao mesmo tempo, diante de algo que não se concluiu (ao longo do tempo), percebi a chama dos olhos e ambos eram correspondidos. Não vacilamos. Nos tornamos ridículos, infantis, diante da fragilidade do sentimento e da emoção.
Só que não havíamos percebido, onde estávamos muitas coisas eram proibidas, como um mouse na mão de uma criança curiosa. Não queríamos perder tempo e, naquele momento, estávamos novamente à mercê dos olhos a nos fitar, curiosamente...
Fomos punidos. Mais uma vez, interrompidos de concluir algo tão belo, tão bonito e de ter a certeza de que não vou fechar a minha caixa de diálogo novamente, sem telefone, sem endereço, sem e-mails, sem recordar nomes. Simplesmente, ficamos ao sabor do amor, da saudade que o tempo não apagou e da certeza daquele olhar que era o elo para o grande final, que não houve.
O instante corre no tempo com a velocidade dos gigabites e parece que dura uma eternidade. Quanto à emoção, os sentimentos ficam presos na CPU da nossa imaginação, para serem clicados a qualquer momento.
O que sei agora é que “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. 

Americana, 23/11/2009

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1 Response to TEMPO X TECNOLOGIA

16 de julho de 2012 às 22:19

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